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ISO 13485:2016 na prática: guia do SGQ para dispositivos médicos
ISO 13485:2016 na prática: guia do SGQ para dispositivos médicos
O que é a ISO 13485 (e por que ela importa)
A ISO 13485 é a norma internacional mais usada para sistemas de gestão da qualidade (SGQ) voltados à indústria de dispositivos médicos. Ela define expectativas para documentar, controlar e melhorar continuamente processos que impactam segurança, desempenho e conformidade regulatória.
Um erro comum é tratar o SGQ como um conjunto de documentos “para auditoria”. Na prática, o SGQ funciona melhor quando é o sistema operacional do negócio: transforma necessidades de pacientes e usuários em produtos seguros, gera evidências objetivas de que isso ocorreu e aprende com dados ao longo do ciclo de vida.
Um tema central: SGQ baseado em risco
A ISO 13485:2016 enfatiza formalmente a abordagem baseada em risco. Em termos práticos, significa ajustar controles, revisões, verificações, auditorias e supervisão de fornecedores conforme o impacto na qualidade do produto e no risco ao paciente.
O que a ISO 13485 exige na prática
1) Documentação e evidência objetiva
Documentos descrevem “como fazer” (procedimentos e instruções), enquanto registros provam “que foi feito” (evidência objetiva). Um bom gerenciamento documental inclui aprovação antes do uso, controle de mudanças e disponibilidade da versão vigente no ponto de uso.
2) Arquivos e controles essenciais
Manual da Qualidade: no mínimo, deve:
- Descrever o escopo do SGQ (incluindo exclusões/não aplicabilidades justificadas)
- Listar ou referenciar procedimentos do SGQ
- Descrever as interações entre processos
- Explicar a estrutura da documentação do SGQ
Arquivo do dispositivo médico (por dispositivo ou família): costuma incluir:
- Descrição do produto e uso pretendido/indicações
- Rotulagem e instruções de uso
- Especificações do produto
- Especificações/procedimentos de fabricação, inspeção, rotulagem, embalagem, armazenamento, manuseio e distribuição
- Especificações de medição e monitoramento
- Instalação e assistência técnica (quando aplicável)
Controle de documentos e registros: garantir aprovação, rastreabilidade de revisões e retenção adequada de registros.
3) Responsabilidade da direção
A norma reforça que a liderança precisa definir o tom da qualidade. Na prática, isso envolve:
- Objetivos de qualidade claros e comunicados
- Recursos (pessoas, ferramentas e treinamento)
- Revisões gerenciais orientadas por dados
- Cultura de qualidade como parte do dia a dia, não um “projeto do QA”
4) Gestão de recursos
Inclui competência/treinamento, infraestrutura e ambiente de trabalho, para execução consistente dos processos.
5) Realização do produto: da necessidade do usuário ao produto liberado
Um ponto recorrente é começar com requisitos bem definidos do usuário/cliente. Requisitos fracos tendem a gerar retrabalho caro e atrasos.
Processos de projeto e desenvolvimento normalmente incluem:
- Planejamento
- Entradas (requisitos)
- Saídas (desenhos, especificações, instruções de fabricação/inspeção, software, etc.)
- Revisões
- Verificação
- Validação
- Transferência
- Controle de mudanças
- Arquivos de projeto e desenvolvimento
A gestão de riscos deve acompanhar todo o ciclo de vida, incluindo informações pós-produção.
6) Compras e fornecedores (baseado em risco)
A ISO 13485 espera que compras assegurem conformidade com especificações. Avaliação, seleção e monitoramento de fornecedores devem ser baseados em risco, considerando, por exemplo:
- Capacidade de atender requisitos
- Desempenho contínuo
- Impacto na qualidade do produto
- Impacto no risco do produto
- Criticidade do item para o dispositivo
Defina critérios de aceitação, mantenha acordos com fornecedores e verifique recebimento de acordo com criticidade e histórico de desempenho.
7) Produção e provisão de serviço
Controles de produção, de caráter baseado em risco, devem assegurar que o produto atenda às especificações e que existam registros de produção com rastreabilidade adequada (serial, lote ou batelada conforme o caso).
Se houver software usado em produção/instalação/assistência, ele deve ser validado antes do primeiro uso, com profundidade compatível com o risco.
8) Medição, análise e melhoria
A norma depende de medir contra especificações, analisar tendências e agir. Uma estrutura prática costuma incluir:
- Feedback do cliente (proativo) e tratamento de reclamações (reativo)
- Auditorias internas (com frequência baseada em risco)
- Controle de produto não conforme (disposição baseada em risco)
- CAPA para problemas sistêmicos e recorrentes
A definição de reclamação é ampla e os registros de reclamação devem conter identificação do produto, detalhes e datas do evento, investigação e ações tomadas, entre outros elementos.
Roteiro prático de implementação
- Defina escopo e produtos: famílias de dispositivos, sites, terceirizações e mercados-alvo.
- Mapeie processos: necessidades → projeto → compras → produção → pós-mercado.
- Estruture a documentação: manual, procedimentos, instruções, formulários e registros.
- Implemente o essencial primeiro: controle documental, controles de projeto, integração com gestão de riscos, fornecedores, produção, CAPA e reclamações.
- Treine por competência: papéis claros e execução consistente.
- Coloque o sistema para rodar: gere registros, acompanhe KPIs e conduza revisões gerenciais.
- Audite internamente e feche lacunas: antes de auditorias externas.
- Use qualidade como vantagem: um SGQ coerente acelera aprendizado, melhora rastreabilidade e torna a conformidade um resultado natural.
Conclusão
A ISO 13485 entrega mais valor quando implementada como um sistema integrado: documentação que habilita o trabalho, registros como evidência, liderança ativa e ciclos de feedback que sustentam melhoria contínua—sempre com foco em segurança e nos pacientes.
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